Dizem que a vida vale o tempo que lhe dedicamos E, por conta das desmedidas e incontáveis paixões, Companheiras fiéis dos frágeis e descuidados corações Que quase nunca sobrevivem aos reveses do amor, As poesias brotam desde os primórdios, incessantemente E provam que não existem palavras certas, bastante capazes De evitar que os seus turbilhões nos aniquilem as mentes, Ainda que estejam esmaecidas pelo correr do tempo, Revelam a dor sofrida pela morte de um encantamento Ou por restos de projetos de vida desfeitos, os mais preciosos Viram belas verdades poéticas e não pertencem a ninguém, Inúmeras palavras buriladas num contexto, sem destino certo. (E a cada poeta cabe apenas a dor do nascimento da sua obra. Para quem não tem rima, mas gosta de encadear com arte, E trabalha lindos sons, numa marcha sem fim, A escrita sai fluente, como quem tropeça em mágicos traços, Mostrando logo, de cara, todo seu dom e seu bom compasso, Pois repousa no papel a sua cria, que lhe deu um belo trato, Alimentando-a com fascínio e esmero bem exatos, Muitas dessas poesias tecidas pelo criador, por horas a fio, Ainda jovens, já florescem, formosas e plenas, Outras, precisam dafase adulta para valerem a pena.
Foi conhecendo e lendo você, Que descobri tão pura mente E o amor que faltava em mim Chegou sem eu ver, lentamente,
Foi pensando sem querer em você, Que vi o meu coração se estremecer, A paixão aflorar sem controle Ao imaginar o seu perfume, empalidecer.
Foi olhando muitas vezes para você, Que bebi esse seu sorriso dengoso, E como um fogo a me devorar, Cheguei a um orgasmo bem gostoso!
Foi me acostumando com você, Que tentei, mas não soube mais sair, Nem pegar de volta os meus sentidos E aqui estou, escrava de mil cupidos.
Foi amaldiçoando, mas querendo você, Que me perdi dentro de todo esse tempo. E desde que você de mim se apossou Acesas são minhas noites, porque a paz se apagou.
Foi me abstendo e não bebendo você, Que me embriaguei no seu sabor Ficando a mercê do seu carinho, Dependente compulsiva do seu amor.