segunda-feira, 31 de agosto de 2009

A FACE

Encaminho meu futuro
nas dúvidas do passado, sanadas no presente...
A realidade me impulsiona adiante, cheias de vultos sem rostos,
não quero dar desgosto, mas vou ser uma face com rosto!
O coração apaixonado e meus beijos perdidos, onde estão?
Pressionados pelo acaso, dos que tentam fazer, meu sonho esquecer.
Desilusão!!
Então...meu olhar procura, uma esperança de me aliviar, trazer de volta a ilusão,
meu mar acalmar, na lembrança de tentar, um vulto aparentar, mais fácil...não vou negar!!
Troco meus sonhos para me adequar?
Não!! Cansei de esperar...
Escondo o que não querem ver?
Não,mostro o meu ser, pra quem quer ver.
Compreender...?
Deixei de tentar querer, agora eu faço, me deleguei o poder.
E no beijo, aquela que não pude ter, que tanto esperei...a minha face encontrei!!
Não tenho mais medo de ser, agora sou.

domingo, 16 de agosto de 2009

O NÃO



Eu estava só
Você adentrou,
Não bateu à porta
Nem nada falou

Pegou o seu copo,
De água o encheu,
Mexeu um refresco
Virou e bebeu

Ali eu estava
Sei que percebeu,
Seguro dos gestos
O cigarro acendeu

Na turva fumaça
Fez várias bolinhas
Deixou no cinzeiro
As cinzas todinhas

Olhou para o carro
A chave apanhou,
Pegou um boné
E a porta fechou

De capa e galocha
Na chuva partiu
Cantando pneus
Na lama sumiu

Tomei entre as mãos
O meu doce amor
E na solidão
Tratei-lhe a dor

No dia seguinte
Custei acordar
Para o meu pensamento
Se reorganizar

Foi então que você
Perdeu seu grande bem,
Não quer os meus beijos
E eu não desejo ninguém

Oh, triste destino o meu
Sei que vou sempre sonhar
Com dias bem mais felizes.
Não quero jamais acordar.

REVELAÇÃO




Dizem que a vida vale o tempo que lhe dedicamos
E, por conta das desmedidas e incontáveis paixões,
Companheiras fiéis dos frágeis e descuidados corações
Que quase nunca sobrevivem aos reveses do amor,
As poesias brotam desde os primórdios, incessantemente
E provam que não existem palavras certas, bastante capazes
De evitar que os seus turbilhões nos aniquilem as mentes,
Ainda que estejam esmaecidas pelo correr do tempo,
Revelam a dor sofrida pela morte de um encantamento
Ou por restos de projetos de vida desfeitos, os mais preciosos
Viram belas verdades poéticas e não pertencem a ninguém,
Inúmeras palavras buriladas num contexto, sem destino certo.
(E a cada poeta cabe apenas a dor do nascimento da sua obra.
Para quem não tem rima, mas gosta de encadear com arte,
E trabalha lindos sons, numa marcha sem fim,
A escrita sai fluente, como quem tropeça em mágicos traços,
Mostrando logo, de cara, todo seu dom e seu bom compasso,
Pois repousa no papel a sua cria, que lhe deu um belo trato,
Alimentando-a com fascínio e esmero bem exatos,
Muitas dessas poesias tecidas pelo criador, por horas a fio,
Ainda jovens, já florescem, formosas e plenas,
Outras, precisam dafase adulta para valerem a pena.

FOI FUGINDO DE VOCÊ...





Foi conhecendo e lendo você,
Que descobri tão pura mente
E o amor que faltava em mim
Chegou sem eu ver, lentamente,

Foi pensando sem querer em você,
Que vi o meu coração se estremecer,
A paixão aflorar sem controle
Ao imaginar o seu perfume, empalidecer.


Foi olhando muitas vezes para você,
Que bebi esse seu sorriso dengoso,
E como um fogo a me devorar,
Cheguei a um orgasmo bem gostoso!

Foi me acostumando com você,
Que tentei, mas não soube mais sair,
Nem pegar de volta os meus sentidos
E aqui estou, escrava de mil cupidos.

Foi amaldiçoando, mas querendo você,
Que me perdi dentro de todo esse tempo.
E desde que você de mim se apossou
Acesas são minhas noites, porque a paz se apagou.

Foi me abstendo e não bebendo você,
Que me embriaguei no seu sabor
Ficando a mercê do seu carinho,
Dependente compulsiva do seu amor.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

domingo, 2 de agosto de 2009

Apenas um embrião confuso e inacabado.

(Intertexto com Bruno Catonni)


Antes que os sonhos virem cinza

eu busco o sentido da minha verdade

e percebo um ogro a minha espreita

uma escancarada boca ali no umbral

quiçá um buraco oco para escapulir

algo de Pirandello em suas cenas.


E os faustos, fadas, também os magos

surgiram daquelas brumas de Avalon

trazidos por Rei Artur, vívido, alado

e corro para alcançá-lo, em vão

na época medieval dos tais castelos

das chamas, das tochas nas pedras

das grades de ferro dos mausoléus

tropeço na pedra, "pé-de-moleque".

estatelada ao chão, me resto, morta


Um medo de solidão então se alastra

é neste instante que acordo e noto

que careço inerte da santa fé maldita,

estúpida, torpe, enleada e sem nexo

algo que se crê, mas não se vê, se evita

algo que me divide em muitas, agônica

escracha os dois costumes, este monstro

e que torna a atacar sedento e funesto

tal qual Lestat o belo sanguessuga.


Fujo pelas matas densas, galhos, no breu

me transporto para além-mar, um porto

encontro, e nos braços do Capitão Gancho

alcanço o meu estado zen, então desconhecido

encontro minha alma aflita, inércia pedinte

aporto aguardando este meu eu refeito

um quase de hápax de mim se apossa

em fantasias, delírios, loucura e paz!



Vera Sarres