domingo, 2 de agosto de 2009

Apenas um embrião confuso e inacabado.

(Intertexto com Bruno Catonni)


Antes que os sonhos virem cinza

eu busco o sentido da minha verdade

e percebo um ogro a minha espreita

uma escancarada boca ali no umbral

quiçá um buraco oco para escapulir

algo de Pirandello em suas cenas.


E os faustos, fadas, também os magos

surgiram daquelas brumas de Avalon

trazidos por Rei Artur, vívido, alado

e corro para alcançá-lo, em vão

na época medieval dos tais castelos

das chamas, das tochas nas pedras

das grades de ferro dos mausoléus

tropeço na pedra, "pé-de-moleque".

estatelada ao chão, me resto, morta


Um medo de solidão então se alastra

é neste instante que acordo e noto

que careço inerte da santa fé maldita,

estúpida, torpe, enleada e sem nexo

algo que se crê, mas não se vê, se evita

algo que me divide em muitas, agônica

escracha os dois costumes, este monstro

e que torna a atacar sedento e funesto

tal qual Lestat o belo sanguessuga.


Fujo pelas matas densas, galhos, no breu

me transporto para além-mar, um porto

encontro, e nos braços do Capitão Gancho

alcanço o meu estado zen, então desconhecido

encontro minha alma aflita, inércia pedinte

aporto aguardando este meu eu refeito

um quase de hápax de mim se apossa

em fantasias, delírios, loucura e paz!



Vera Sarres

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